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Exorcismo
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22/08/2007
A realidade do maligno - Entrevista do Cardeal Hoffner



CARDEAL HOFFNER:
Entrevista* sobre as possessões.
 

SL - A trágica morte, no verão de 1976, da estudante de Pedagogia, Anneliese Michel, falecida após os exorcismos de Klingenberg, excitou violentamente os espíritos. Foi dito, então, que era inadmissível que num século civilizado, como o século XX, se pudesse ainda acreditar no diabo e na possessão. Os Padres que fizeram o exorcismo foram considerados co-responsáveis da morte da jovem estudante. O exorcismo devia ser legalmente proibido. Que é que o Sr. Cardeal pensa do caso?
JH - Têm de se fazer duas perguntas: 1ª - Existem de fato os espíritos mali-gnos, a que nós chamamos demônios? 2ª - Esses espíritos podem exercer influência sobre o ser humano?
SL - Comecemos pela questão da existência do demônio. O Papa Paulo VI explicou na Audiência Geral de 15 de Novembro de 1972: “Sabemos que esse ser obscuro e perturbador existe verdadeiramente e que está sempre em atividade.” Em 23 de Julho de 1976, o jornalista Hannes Burger, de Munique, comentava assim os ensinamentos do Papa: “Dum modo geral, podemo-nos sorrir ante tal discurso; aliás, patacoadas desse gênero há muito que são consideradas absurdas, mesmo pela Teologia Católica Contemporânea.”
JH - Não vamos falar do tom presunçoso das palavras do Hannes Burger. Digo só que é falso afirmar que “a Teologia Católica Contemporânea” nega a existência dos espíritos malignos. Os professores Karl Rahner e Herbert Vorgrimler declaram que “a existência de forças e poderes malignos sobre-humanos e a sua ação no mundo” são “uma verdade de fé.” O professor Leo Scheffczyk, da Universidade de Munique declara por seu lado que, “na pregação de Jesus, satanás se apresenta como o adversário da obra da salvação.”
“Os diversos poderes, escreve o professor Heinrich Schlier, da Universidade de Roma, que só desenvolvem o único poder satânico, apresentam-se como uma espécie de poder individual.”
Joseph Ratzinger, da Universidade de Ratisbona, escreve: “o exorcismo, sobre um mundo ofuscado pelos demônios, pertence inseparavelmente à via espiritual de Jesus e coloca-se no centro da Sua mensagem e na dos Seus discípulos.”
Poderia ainda citar outros tantos teólogos, mesmo protestantes. Mas estes exemplos já chegam.
SI - Karl Rahner e Herbert Vorgrimler declaram que a existência dos espíritos malignos, é considerada “como ensinamento bíblico e do magistério eclesial.” Poderá o Sr. Cardeal esclarecer mais pormenorizadamente o sentido destas palavras?
JH - O IV Concílio de Latrão, no ano de 1215, resumiu dum modo perfeitamente claro os ensinamentos da Igreja: “No princípio do mundo, Deus exercendo a Sua Força Poderosa, criou do nada, as duas criaturas, a espiritual e a corporal, quer dizer, a angélica e a terrestre e, em seguida, a humana, que de certa maneira encerra em si as outras duas, pois é composta de espírito e corpo. Porque o diabo e os outros espíritos malignos foram criados bons por Deus. Eles próprios é que se tornaram maus.”
Este texto significativo compreende três afirmações:
1ª - Deus criou tudo a partir do nada: os Anjos, o Universo e os Homens. 
2ª - Os espíritos malignos também foram criados por Deus, como seres bons, quer dizer, como Anjos. O mal não é uma estrutura fundamental do ser; não é uma força cósmica do ser.
3ª - Estes seres tornaram-se espíritos malignos, quando se separaram de Deus.

O que o IV Concílio de Latrão ensina é a doutrina primitiva da fé Católica. Em 561, o Concílio de Braga, em Portugal, declarava: “Se há alguém que diga que o demônio não foi criado por Deus, ao princípio, como um Anjo bom, que não é por natureza uma criatura de Deus mas que, ao contrário, saiu das trevas, que não tem criador, mas que é o princípio e a substância do Mal... que seja anátema. Se há alguém que diga que o demônio... produz pelo seu próprio poder a trovoada, os relâmpagos, as intempéries e a seca... que seja anátema.
Ainda muito recentemente, o Concílio Vaticano II declarava que Deus, por Jesus Cristo, “nos libertou da escravidão do demônio e do pecado”, e que a atividade da Igreja tem por fim, “a confusão do demônio.”
SI - O professor Haag declara que é anti-bíblico insistir na existência do demônio; que o Papa Paulo VI na sua alocução de 15 de Novembro de 1972, exerceu “pseudo-exegese” e interpolou os textos da Sagrada Escritura, “como nenhum estu-dante, no primeiro semestre, ousaria fazer.” Quando a Congregação para a Doutrina e Fé publicou, em Junho de 1975, o seu documento sobre “Fé cristã e demonologia”, o professor Haag declarou o seguinte: “Roma falou mais uma vez com rodeios.”
JH - Teólogos autorizados refutaram vigorosamente a censura de que era anti-bíblico sustentar a existência do demônio. O professor Joseph Ratzinger escreve: “não é como exegeta, como comentador da Sagrada Escritura, que Haag diz “adeus ao diabo”, mas como “homem deste tempo”, porque a existência do demônio é inegável. A autoridade, em virtude da qual ele formula a sua opinião, é a da sua filosofia moderna e não a intérprete da Bíblia.” Nas pregações de Jesus, satanás é o grande adversário que, no entanto, não tem qualquer poder sobre Ele (João 14,30), porque Jesus quebrou o seu poder: “O príncipe deste mundo está condenado”(João 16,11). Sem dúvida que satanás não está no centro da pregação de Jesus. Mas, “a luta contra o poder dos demônios” faz parte da missão de Jesus, que veio a este mundo, “para destruir as obras do diabo”(I João 3,8).
SI - O professor Haag afirma que “em todas as passagens do Novo Testamento, onde se fala de satanás ou do diabo, pode também compreender-se o pecado ou o mal.”
JH - De modo nenhum. Nas Sagradas Escrituras lemos: “O diabo peca desde o princípio.” Só uma pessoa dotada de espírito e inteligência pode pecar, e não o “mal.”
SI - O professor Haag afirma que nas Sagradas Escrituras o demônio é “uma personagem a fingir, sem entidade própria”; que, no Novo Testamento, o demônio aparece como “a representação do mal, de acordo com a mentalidade da época”; que Jesus e os Seus Apóstolos se movimentavam “nessa mentalidade da época, tal como o mundo que os rodeava.”
JH - No tempo de Jesus, a crença nos Anjos e nos demônios não fazia parte do Universo espiritual. Os saduceus, por exemplo, afirmavam “que não havia nem ressurreição, nem Anjos, nem espíritos” (Atos 23,8).
É preciso também acentuar que as Sagradas Escrituras condenaram severamente a magia e a quiromancia, universalmente expandidas no mundo antigo. O Deuteronômio diz: “Não haja ninguém no meio de ti que faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha; ou se dê à prática de encantamentos, ou se entregue a augúrios, à adivinhação ou à magia, ou feitiço, ao espiritismo, aos sortilégios ou à evocação dos mortos. Porque o Senhor abomina aqueles que se entregam a semelhantes práticas. É por causa dessas abominações que o Senhor, teu Deus, expulsa diante de ti essas nações.(Deut. 18,10-12). Parece-me que estas advertências do Antigo Testamento são válidas para muitos homens cultos do século XX, que se entregam a tantas supertições.
SI - É possível que os espíritos malignos exerçam influência sobre os homens?
JH - As Sagradas Escrituras, no Novo Testamento, respondem afirmativamente: mencionam, com efeito, muitos possessos, que Jesus libertou dos espíritos malignos. Os professores Karl Rahner e H. Vorgrimler escrevem que não basta somente admitir a influência dos demônios nos casos onde há “fenômenos extraordinários”, mas também “na natureza e na história, em que existe uma cadeia normal, natural, explicável, de acontecimentos, uma dinâmica das forças demoníacas orientadas para o mal.”
O professor H. Schlier declara que as forças demoníacas “se podem tornar senhoras do homem e do mundo, no seu espírito, até penetrarem no seu corpo”, para mostrarem nelas e por elas o seu poder”; diz ainda que estas forças têm, em cada ser, um cúmplice: a sua tendência egocêntrica, a sua repugnância perante Deus e o próximo”; que, precisamente nos nossos dias, não nos podemos libertar da sensação de que o problema do mundo e da história, está mal posto.
Entre o Céu e a Terra há muitas coisas de que os “nossos homens cultos” não têm a menor idéia.
[Fonte: “Diabo, Possessão, Exorcismo”, em “Questões Teológicas”, nº 10, Outubro de 1976, edit. Joseph Kral, Abensberg]. 




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