Paz!

Desde menino escolhi teu coração, filho, para nele fazer minha morada! Desde que você era menino!

E não só para ser minha morada, para que teu coração fosse colocado a serviço do meu Reino! Para seres Operário da Messe! Eu confiei em ti!

A tua vocação se manifestou então, muito cedo, e começaste a planejar a tua ida em busca da missão. Ainda criança, quando teu coração vivia a inocência, já sabias o que querias: já tinhas a tua vocaçao!

Tua ,mãe ficou feliz: afinal era mulher de oraço, de fé, e se colocara à disposição de Deus para quaisquer necessidades, e ainda mais, consagrara a você, de maneira especial e te colocara também à disposição de Seus desígnios!

E quando comunicaste a tua decisão, chorou de emoção: um filho seu, havia sido chamado ao sacerdócio! E todos os vizinhos se alegraram com a alegria de tua mãe!

Com esmero ela preparou teu enxoval... E com amor!

Emocionada, e já sentindo saudades, despediu-se de ti: chorava... Mas só por dentro!

No Seminário, te saías bem em tudo: afinal, eras um escolhido de Deus, e por isso, o Espirito Santo te dava a capacidade e o saber.

Mas, começaste a perceber certa diferença no teu aprendizado: a fé que aprenderas com tua mãe; a doutrina que aprendeste primeiro, não se enquadravam muito com o que aqui aprendias...

Aqui, a fé se distanciava, a doutrina se confundia...

Nas férias, a mãe percebeu:

-Como pode ter mudado tanto? Será que tudo o que lhe ensinei estava errado? Deus não tem tanto poder como eu pensava?

E você colocava tuas novas idéias e estas feriam muito o coração da mãe!

Te ordenaste, tendo sido tua ordenação quase ausente de Deus. Te ordenaste nãão para o serviço de Deus, mas para o serviço dos bens!

Pouco aprendeste sobre fé, amor, oração, disciplina, doutrina... Aprendeste muito sobre a linguagem e a matemática do mundo!

E dirigiste colégios, clubes, associações, paróquias... Dirigiste seus bens! Não tinhas capacidade de dirigir almas!Nem sabias disto!

A filosofia, a teologia te deixaram órfão de Deus! Talvez não foram as matérias em si, mas os que para ti as colocaram! E a maneira como as te fizeram entender!

Perdeste Deus!

Agora, já caminhas na tarde, e amanhã caminharás à beira da noite, em seguida caminharás na noite... E terminará a tua estrada!

Agora, no teu caminhar, as estradas já são mais escuras e por isso, as verdades são difíceis de enxergar. Agora, ao aproximar-se a noite da vida, já não consegues recuperar o que perdeste!

É tarde demais!

As ovelhas a ti destinadas ficaram ao relento...

Os braços do Pai permanecem abertos, mas aquelas ovelhas não vêm para o abraço! E, quem sabe, também tu não venhas?

O que fizeste, filho? O que fizeste com tua bonita vocação? Onde ficou a ansiedade de colaborar na salvação das almas? Onde ficou o sonho de ser instrumento de Deus?

Eu senti muito a tua falta nos campos de sementeiras; senti tua falta nas ceifas... E sinto hoje tua falta!

Mas te amo mesmo assim!

E espero o teu acordar, pois não posso acreditar que deixaste de crer em mim! Espero o teu acordar!

E então, quando isto acontecer, escutarei novamente o bimbalhar dos sinos em sons alegres, nos corações daquelas lindas ovelhas, de teu lindo rebanho, que foram destinadas a ti em tua linda missão!

Quando será?

Jesus!