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TONINHO
28/06/2016.
Foi assim:
Era dia de Santo Antônio e dia de passeio e o programa consistia em visitar a Fazenda Santo Antônio. Os meninos se espalharam e, cada um, ou em grupos, procuravam a maneira de brincar ou ver de perto aquele lugar tão bonito: animais, lagoas, jardins, ou saborear os frutos tão diversos e tão doces. Extasiavam-se em ver a beleza dos jardins, sentir o perfume tão “gostoso” da roça.
A roda d’água que, impulsionada pela corrente do ribeirão fazia trabalhar o moinho, era uma das atrações principais. O pilão, o monjolo... tudo era novidade e tudo era lindo! Mais abaixo, o “rio” corria calmo e até oferecia suas águas para o banho refrescante e sadio: todos gostavam de ali brincar, pular, nadar...
Um pouco adiante, onde o rio passava sob um mata-burro, o menino Zico brincava sozinho: “construía” uma roda d’água usando caixa de fósforos, papelão, gravetos... A roda já quase funcionava quando ele viu algo diferente: um pequeno osso e logo a seguir um crânio bem pequeno!
-É de gato, pensou, e começou a “enfeitar” a roda com estes achados.
Mas alguma coisa diferente começou a sentir: algo estranho...
- Isto é do Céu, pensou. E rezou o Pai Nosso, a Ave Maria... Na Ave Maria ele levantou os olhos e viu:
- A Senhora mora aqui? Perguntou a uma linda moça que o admirava, mas ela apenas sorriu! Apontou para os ossinhos, e ele entendeu...
- É um neném!
A moça sorriu de novo!
O menino, sem jeito, sem saber o que fazer, pegou os ossos e fez menção de entrega-los a ela, mas a mulher, com gestos – sem falar – mostrou-se indigna de recebe-los.
- Ah! Ele é teu Neném e você quer que seja batizado?
- Sim, a mulher falou pela primeira vez, sorrindo! Feliz!
Zico tomou de uma latinha, encheu-a de água.
- Vou dar a ele o nome de Toninho, porque hoje é dia de Santo Antônio, e o neném é tão pequenino!
Até o Céu se emocionou, pois as nuvens, no alto, se acenderam e o sol jogou seus raios sobre lugar!
Neste momento, o Céu era ali!
Com extrema piedade, com a candura celestial que só as crianças sabem ter, traçou o sinal da Cruz sobre o “Neném”...
- Toninho, eu te batizo, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!
E o entregou à Mulher... Esta chorava, e agora mostrava-lhe um menino que, ao lado dela, sorria e acenava para ele.
- Agora ele já tem nome! Agora ele já é de Deus, disse a mulher, que chorava e ria ao mesmo tempo, e lhe acenava num Divino Adeus!
Ela e Toninho desapareceram no ar!
- O Céu é tão bonito, disse Zico para si mesmo. É tão bonito!
Os ossinhos ainda estavam em suas mãos...
- É preciso sepultar!
E procurou um dos canteiros mais bonitos do jardim, colocou os ossos dentro de uma caixa de papelão e enterrou. Sobre o “túmulo” colocou uma pequena Cruz que fez com gravetos cruzados.
- O que é isto?
O Padre o observava.
- O que é isto?
- Estou sepultando o Toninho!
- Não deves brincar com estas coisas...
- Mas não é brincadeira, Padre, é o Toninho mesmo!
O Padre, que já conhecia a alma bonita do menino, sentiu calafrios...
- Deixa-me ver...
Zico não soube o que aconteceu daquele momento em diante, embora tivesse escutado aqui ou ali:
- O Zico achou o bebê que havia sido jogado no rio...
E, na Santa Missa de corpo presente do verdadeiro enterro do Toninho, o Padre disse:
- Não há barreira nenhuma, e nem pode haver, que possa impedir o Batismo de uma pessoa, seja ela quem for...
Mais tarde Zico conversava com o Padre:
- A Mãe dele já estava no Céu?
- Não! As mães que não batizam seus filhos não vão para o Céu, mas esperam no Purgatório, até que alguém os batize...
- E agora ela foi para o Céu?
- Sim! Com seu filhinho!
- Com o Toninho! Amém!
Zico soube mais tarde, que o fazendeiro fora morar em outro lugar, longe dali, em uma prisão...
Cláudio Heckert
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