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23/01/2008
Pena das almas - I
VIAGEM AO PURGATÓRIO Nunca me preocupei com os sonhos. Sobretudo quando eles versam sobre coisas sem importância e que têm a sua explicação no cansaço da vida, nas preocupações diárias ou no esgotamento nervoso.



         A PENA DAS ALMAS - I

 

Neste relato veremos quais são as recordações de Maria-Ana Hof relacionadas com as a experiência que teve com as almas do Purgatório e como elas mesmas lhe apareciam. O Pe. Barnabé Kirchhuber, O.F.S., confessor das Clarissas do Convento de Angers, submeteu a Venerável, em 1704, a um rigoroso inquérito por ordem do Bispo. No dia 6 de junho entrega ao referido Bispo o relato do inquérito onde são narradas as experiências de Maria-Ana. A Serva de Deus relata:

  Somos punidos segundo os pecados que cometemos

 Escreve a Venerável: “Deus instrui-me sobre o que falta às pobres almas e como poderemos ajudá-las... Algumas almas vieram a mim de olhos banhados em lágrimas. Pediram-me que fizesse penitência por elas, vigiando cuidadosamente o meu olhar e evitando toda curiosidade. Outras me apareceram inteiramente esfomeadas, esgotadas, num estado indescritível. Rogavam-me que fizesse por elas um severo jejum a pão e água e que reparasse, assim, as faltas por elas cometidas no decurso da sua vida, pelo excesso de comida e bebida. Outras me fizeram também compreender, pelo seu comportamento, as suas bem infelizes iras e impaciências. Pediam-me que de boa vontade as quisesse ajudar a reparar os seus atos pecaminosos com atos de paciência e mansidão.

   Almas que, durante toda a sua vida, não tinham sido mortificadas, estendiam-me um silício (instrumento de penitência). /Quando eu mesma devia jejuar por elas, uma abundante e bem servida mesa me era apresentada, a significar aquilo que eu própria devia renunciar.

       As almas que tinham pecado com a língua, apareciam-me de boa fechada por um prego, para me fazer compreender que eu devia guardar silêncio. As almas que na terra foram duras de coração ou sem piedade ou misericórdia, não podem ser ajudadas senão com obras de misericórdia e pela generosidade. Aquilo que falta à árvore deve ser expiado na árvore (da cruz). E é por este mesmo motivo que tudo aquilo que faltou noutros assuntos deve ser expiado da mesma forma que a falta foi cometida.

       Os sedutores que se converteram a tempo, mas não tiveram o cuidado de reparar o mal causado, eu mesma os vi sob uma aparência semelhante a do espírito maligno, porque é justamente o mais típico do demônio: Seduzir os homens para os arrastar e levar ao mal.

       No dia 15 de dezembro de 1.690, à meia noite, uma alma do purgatório veio à minha casa. Eu tinha-a conhecido muito bem. Era um músico da Corte. O violinista Jean-georges Loderer era professor de música de meu irmão Franz Philipe. Gostava de beber. Ele não me ligava nada, sempre que eu o prevenia e a verdade é que assim mesmo ia abreviando a sua vida. Morreu no dia 7 de janeiro de 1.688. Eu estava em profundo sono, quando a sua alma me apareceu sob a forma de um enorme sapo, horrível, inchado, pousado no reposteiro do meu leito. Ao acordar, fiquei deveras apavorada, julgando que era o demônio. E eis que essa alma se deu a conhecer, harpejando tão violentamente as cordas da minha cítara que eu julguei que elas iriam partir-se.

       Então o medo desapareceu e perguntei a esta alma porque razão ela me aparecia sob essa forma. Ela reconheceu e transmitiu-me que era para ela uma grande pena, uma pena inteiramente particular, ter de se mostrar sob um tal aspecto. E era obrigado a fazê-lo porque, durante sua vida, se havia comportado como esse animal. Da mesma forma que os sapos, que gostam de estar em lugares húmidos, pantanosos, procuram sempre a humidade, assim também ele gostava de ter sempre a garganta húmida. Essa alma reconheceu também que desse mesmo modo havia abreviado a sua vida e que, se agora não lhe oferecêssemos auxílio, deveria sofrer durante tantos anos como os que ele perdeu por sua culpa, na vida terrestre. Senti muita pena por esta alma e recebi o sinal da sua libertação.

 Fonte: Revista Boa Nova, nº 260.




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